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O Brasil e, principalmente, o Rio Grande do Sul apresentam potenciais para os negócios com empresas japonesas, porém, um dos grandes entraves relatados pelos executivos ainda continua sendo os impostos. De uma maneira geral, os japoneses acreditam que a situação deve melhorar com a Reforma Tributária, que irá unificar, a partir de 2033, de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins. As questões que envolvem a infraestrutura de logística no Brasil também foram citados.
O assunto foi lembrado, neste sábado, 26 de outubro, último dia da “Semana do Japão em Porto Alegre” é uma realização do Escritório Consular do Japão em Porto Alegre, da Associação da Cultura Japonesa de Porto Alegre, da Fundação Japão em São Paulo e dos equipamentos culturais do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Sala Redenção e Centro Cultural da Ufrgs).Nesta manhã, ocorreu a apresentação de palestras sobre empresas do Japão em solo brasileiro.
O encontro contou com a presença do cônsul, Shimizu Kazuyoshi, com a mediação do diretor da Escola de Administração da Ufrgs, Takeyoshi Imasato. Ele citou que, historicamente, a internacionalização de empresas asiáticas passou no início pela discussão de questões culturais, o que em relação ao Japão não foi diferente. “Ao longo do tempo, isto foi sendo mitigado e passou-se a uma abordagem mais global”, destacou. Kazuyoshi explicou que o centro da análise passou a ser sobre quais são as vantagens e quais as características de atuação de cada país.As grandes empresas japonesas, segundo o diretor da Escola de Administração, têm uma abordagem diferente de trabalhar.
Ele explicou que tais corporações possuem grandes grupos ramificados e voltados a diversificação tipo de negócios. Kazuyoshi disse que empresas japonesas vieram para o Brasil, uma vez que no país, existem facilidades. “Sempre tem algum braço, (segmento de negócios destas grandes empresas japonesas) que ‘funciona’ (prospera) dentro do Brasil. Mas, as empresas têm expectativas em realmente contar com algum tipo de vantagem ao investir no Brasil”, detalhou.Ele disse que muitas vezes essas estratégias mudam ao longo do tempo.
“Também é esperado algum tipo de gap, ou seja, alguma diferença de tempo entre as mudanças daquilo que era esperado, como, por exemplo, a mão de obra e as condições locais. De acordo com ele, o Brasil apresenta várias questões que dificultam a realização dos negócios.Reforma Tributária deve auxiliar contra os entraves da internacionalização“Acho que agora com a Reforma dos impostos vai auxiliar. Realmente, um dos principais entraves da internacionalização no Brasil é a forma de como os impostos são feitos, ou seja, nas três esferas (governo federal, estados e municípios) com diferenças”, comentou.
Kazuyoshi destacou que a coleta de impostos também ocorre em dias diferentes, dificultando as operações. “Talvez simplifique bastante agora (com a Reforma Tributária).“Há outros entraves que persistem, em especial, em relação à infraestrutura de logística no Brasil. Mais uma vez, as discussões já não passam tanto pelo estilo de gestão das empresas”, salientou. Ele destacou que agora os empresários olham para questões que envolvem custos, ou da incapacidade da mão de obra local. Pela diversificação das grandes empresas japonesas, o enfoque analisado também passa pela localização na América Latina, questões aduaneiras, potenciais mercados de abrangência, visão sobre população e renda.
Questões como a limitação do fluxo de navios pelo Canal do Panamá também estão influenciando nas decisões empresariais. Participaram da palestra, o gestor (CFO) da Audi Porto Alegre / Audi Caxias do Sul, Hideo Takenaka. Ele é funcionário de uma empresa japonesa chamada Sojitz Corporation. “Um japonês vendendo carros da marca alemã, no Brasil.
A Sojitz é uma empresa de comércio geral formada através da união da Nichimen Corporation e a Nissho Iwai Corporation, e por mais de 150 anos desde as suas fundações, desenvolveu negócios em vários países e regiões apoiando seus desenvolvimentos econômicos.As principais atividades de negócios da Sojitz incluem: comércio internacional (importação e exportação, desenvolvimento de negócios, gerenciamento internacional de projetos, trade finance e gerenciamento de risco, serviços logísticos (transporte, seguro e liberação alfandegária); investimento direto, leasing e financiamento de ativos.
Os ativos totais da Sojitz somam R$ 93,2 bilhões; patrimônio líquido total, R$ 30,8 bilhões e o lucro do exercício foi de R$ 3,4 bilhões. Takenaka também comentou que o sistema de impostos no Brasil é algo complicado, por outro lado, ele citou que a empresa estuda o funcionamento dos tributos, uma vez que existem oportunidades locais. “Esperamos muito esta Reforma Tributária para que mais empresas estrangeiras possam entrar no Brasil e acredito que deste modo o governo possa atrair mais investimentos”, disse. De acordo com o gestor da Audi, a empresa busca oportunidades para mais investimentos no Brasil. “Achamos que o Sul do Brasil tem muitas oportunidades; há muito potencial”.
O gerente de produto Desenvolvimento e Controle de Qualidade produto da Asics Brasil, Yasunari Tsutsui, também foi palestrante no encontro. A multinacional produz tênis, calçados e produtos da linha esportiva. O diretor administrativo executivo CEO, Kenji Murai, da empresa MGA Válvulas Industriais – Kitz Group, também subiu ao palco para destacar os negócios e as atividades corporativas. Empresa localizada em Veranópolis (RS).
As atividades da “Semana do Japão em Porto Alegre” se iniciaram, no dia 21 deste mês, no Campus Centro da Ufrgs, ocupando três espaços (Sala Redenção, Centro Cultural da universidade e Faculdade de Arquitetura). Foram realizadas também uma mostra de cinema e diversas atividades culturais. Toda a programação é gratuita e aberta para todos os públicos.Ao longo de todo o sábado ocorre uma feira japonesa, além de proporcionar diversas atividades para celebrar a cultura, a tradição e os costumes japoneses. Entre as atividades, estão duas apresentações de danças folclóricas japonesas e duas palestras, uma sobre arte dramática japonesa e outra sobre empresas do Japão em solo brasileiro.O evento promoveu oficinas de Mangá (quadrinhos), Shodô (caligrafia), Wagashi (doces) e Haikai (poemas). A programação também contou com o 38º Concurso Regional de Oratória em Língua Japonesa RS/SC.
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